mistério no galho de árvore
que murmura uma canção sem voz
na tarde sem vento
e faz a menina de vestido branco
chorar
tríade 18
delícia de sabor
carícia de amor
malícia com pudor
aqui
sob a lua
refez-se
em versos
despedida
sem cores
um poema
vazio
a lua partiu
(asp, 19813)
ele ela
ele a queria tanto
ela o queria nada
ele era só pranto
ela, só risada
plácido
era do alto o outro
vento que lhe vinha o sonho
insólito em desespero plácido
o vinho abandonado à cabeceira
poeirenta a manhã cansada
não da vida do dia mesmo o sopro
gotejando orvalho encaracolados
cabelos claros como olhos ao vento
a imagem que parte em parte
se deixa enraíza na alma a unha
na pele a língua do murmúrio frêmito
azulado como pérola única no alto
o outro vento, sim, o sonho
(scs, 23712)
195
e?u
não
sou
+
vo!cê
nem:
sem título
não lembro bem se era tarde ou
abril
a manhã fugia lentamente de mim
e escorriam os minutos eternos
sem necessidade de se explicarem orgulhosos
na escuridão que aquele sol tardio fazia
eu ouvia que o silêncio era como um cântico
mudo
escondido por entre brisas e a poeira
das lembranças esquecidas por todo lado
preferi morrer logo depois de
acordar
assustado no meio da noite sem entender
quem era aquele que tão loucamente
sonhava em mim
(c, 151213)
sono
era tranqüilo o sono embalado de silêncios
no calor tênue daquela manhã sem esperanças
revia tantas lembranças escondidas nas pálpebras
e fazia maior seu desejo de voar sem fim
os sonhos se desfaziam em outros sonhos
tingidos das cores todas de seu coração nômade
acima das nuvens no profundo abismo em ilhas distantes
não era ninguém e era apenas tudo que não via
era feliz o sono enfeitado de sussurros
nos corredores inexistentes de tantos mundos
não queria acordar não sabia mais sofrer
inexistia em tantos/nenhum lugar – vivia
a mão fria o sorriso inerte os olhos
que viam muito mais
fechados
sem
foi
não como se
a primeira vez
como nunca e não sei
mesmo
e ainda como houvesse
de qualquer modo talvez
sabendo não ser aquela
o
tormento vazio e mais
vasto portanto outrora
cansado o demais o constante
fim
além mais nada de
ausências de tal modo nem
eu porém sem ti
:
todo poema
deveria ser
o crime do século