açoite e sonho

não sonho mais
não me deixam
não me permito
não há com que sonhar
tudo é a fria realidade
sem cor
insípida
cruel tirana
a impor seu fardo
seu estar de olhos abertos
látego real nas mãos
gritando ordens metralhadas
desassossegando.
não há mais sonhos
mas eles não me deixam.
não os permito.
minto.
eu os tenho aqui comigo
escondidos
debaixo da ferida aberta
da cicatriz que dói
do coágulo no canto da boca
no peito ferido.
sonho em sonhar sem dor.

(mc, 2599)