chuva e saudade

tua
presença
chove
em
minha
saudade

chovem-me
as
saudades
desta
contínua
ausência

ausento-me
em
chuvas
de
saudade
chorosa

saudade
e
chuva
em
meus
olhos

saudosa
chuva
ecoa
abraços
ausentes
constantes

faz-me
chuva
saudosa
lembrança
de
amanhã

fluem
saudades
chovidas
sobre
olhos
secos

chuvas
antigas
inundadas
de
novas
saudades

saudades
antigas
uma
chuva
sem
fim

na
presente
chuva

toda
saudade

saudade
egoísta
tranca-se
na
nuvem
chuvosa

choram
saudosas
nuvens
em
doce
remorso


nuvens
sentem
saudade
da
chuva

notas
de
saudade
na
chuva
morna

noites
tontas
de
saudade
chovem
memórias

viam-se
saudosos
chuvas
intensas
nada
mais

tanta
saudade
chovida
em
cada
lágrima

ouvida
saudade
nas
gotas
tristes
chuvosas

vi-te
ainda
na
chuva
sem
fim

finda
chuva
foram-se
nuvens
perene
saudade

falsidade

andando
na
rua
não
vive
atua

carrega
sempre
outra
cara
mesmo
nua

sorri
com
ódio
uma
máscara
crua

desdenha
do
Sol
louva
a
Lua

bajula
a
todos
vive
tão

finge
que
ama
ama-rga
sem

nega
ser
como
é
mesmo

no
espelho
sempre
outra
porém
ela

mergulhada
em
orgulho
de
pensar-se
quem-sabe

olhos
fechados
tão
soberbos
cândidos
sentimentos

cada
abraço
um
nojo
– tenho
de

despedidas
desejadas
com
tristeza
planejada
convence

menticulosa
mente
noite
afora
na
sol(mult)idão

mesmo
assim
crê-se
assim
a
real

resvala
finge
corrige
revela
mágoas
tais

outro
dia
outra
ela
mesma
outra

desistia
de
ser
aquela
ela
mesma

confiou-se
aos
segredos
que
lhe
mentia

inventou
uma
vida
viveu-a
como
louca

desconfiou
do
espelho:
quem
sou
você?

Lançamento de O Livro I das Aldravipeias

Em 28 de novembro de 2014, às 19 horas, a Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas reuniu-se em Mariana para o grande lançamento de O Livro I das Aldravipeias, no Restaurante Lua Cheia, em Mariana, MG. O evento reuniu dezenas de renomados poetas brasileiros. A literatura inovadora fez festa, comemorando a grande criação poética do início do século XXI, a aldravia, em sua primeira edição de um livro de aldravipeias, conjunto de 20 aldravias dedicadas a um único tema. O evento marcou um dos grandes acontecimentos literários de 2014 em Minas Gerais. Cinco renomados poetas receberam a Comenda Cláudio Manuel da Costa, maior honraria da ALACIB e Aldrava Letras e Artes, por terem se destacado na produção do conjunto publicado no Livro I das Aldravipeias: Ângela Fonseca, Elizabeth Rennó, José Carlos Baeta, Luiz Carlos Abritta e Messody Benoliel.

A notícia completa você pode ler aqui.

memórias a serem vividas

1.
sou
da
vida
umas
poucas
memórias

2.
lembranças
sem
início
de
mim
mesmo

3.
relembro
sem
sorrir
que
prossigo
ainda

4.
voltam
cedo
memórias
que
não
serão

5.
em
essência
os
fatos
nunca
passaram

6.
permanecem
como
rochas
acordadas
do
tempo

7.
imutáveis
sussurros
que
foram
vozes
rasgadas

8.
acordam
lembradas
dos
silêncios
entre
nós

9.
lembranças
despertadas
repetem
dores
cansadas
sonolentas

10.
um
amor
inesquecível
nunca
mais
existiu

11.
em
cada
sonho
um
novo
ontem

12.
registro
as
lembranças
– já
não
serão

13.
conflito:
fui
seria
passado
esperança –
trégua

14.
esquecidas
paisagens
por
ver
outras-
mesmas

15.
alegrias
revividas
dispersas
em
memórias
passageiras

16.
preciso
lembrar
de
voltar
a
ser

17.
eram
então
poucas
as
realidades
nascidas

18.
e
voltaram
sempre
novas
desde
amanhã

19.
em
seus
aromas
recados
do
futuro

20.
abraços
vastos
dados
ao
final:
começo

(sca, 271114, enquanto espero pelo cirurgião)

Escritores-destaque em O Livro das aldravipéias – Comenda Cláudio Manuel da Costa

No próximo dia 28, em Mariana (MG), será lançado o Livro I das aldravipéias. (Quer saber mais sobre essa forma poética? Clique aqui.) Eu sou um dos autores participantes.

unnamed

Isso já seria alegria o bastante, por poder estar ao lado de feras da poesia, como J. B. Donadon Leal e Andréia Donadon Leal, que, além disso, trabalham arduamente para divulgar a produção poética. Mas… fui agraciado com uma comenda especial!

Distintos participantes de O Livro I das Aldravipeias.

Boa tarde! Boas-novas A ALACIB divulga ‘antecipadamente’ os nomes dos poetas aldravianistas que se destacaram em O Livro das Aldravipeias.

Informamos que os selecionados serão laureados com a Comenda “Cláudio Manuel da Costa”, da ALACIB.
Parabéns! A outorga será nos dias 28 e 29 de novembro.
Os poetas aldravianistas que não participarem da reunião solene da ALACIB, receberão a comenda no dia 28 de novembro.

PREMIADOS COM A COMENDA CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
01- Angela Fonseca
02- Elizabeth Rennó
03- Luiz Carlos Abritta
04- Francisco Nunes
05- Messody Ramiro Benoliel

Parabéns!!!

Andreia Aparecida Silva Donadon Leal – Deia Leal
Mestre em Letras – Estudos Literários pela UFV
Presidente da ALACIB
Diretora de Projetos Culturais da Aldrava Letras e Artes

Eu não poderei comparecer ao lançamento, por conta de compromisso inadiável. Curtirei à distância a cerimônia toda.

Parabéns aos demais colegas comendados. E obrigado ao pessoal da ALACIB por seu trabalho incansável pela popularização da poesia.

de saudades

1.
escondi-me
entre
tantos
pensamentos
sem
cor

2.
sonhei-nos
em
noites
acordadas
de
tédio

3.
as
imagens
fugiam
covardes,
em
silêncio

4.
e
tudo
parecia

parecer
irreal

5.
como
nuvem
desfeita
como
suspiro
envergonhado

6.
arrastam-se
lembranças
brancas
congeladas
de
incertezas

7.
muitas
badaladas
e
nenhuma
presença
ainda

8.
meras
imaginações
desejos
de
que
fossem

9.
e
pouco
resta
de
tanto
despertar

10.
alguém?

a
resposta
sempre
vazia

11.
mas…
talvez
não
fosse…

desejo

12.
um
estar
aqui
como
sempre
estaria

13.
eram
promessas
escritas
na
pele
quente

14.
os
dias
não
passam:

noites

15.
nas
gavetas
poeira
e
bugigangas:
você!

16.
parece
haver
nova
brisa,
um
rumor

17.
linda
(final
de)
tarde
sem
chuva

18.
sussurra
retornos –
coração
estremece
de
angústias

19.
passos
silenciosos
apressam-se
com
malas
vazias

20.
o
abraço
tão
eterno
quanto
ontem

____

(Se você quiser entender a forma poética aldravia e a aldavipeia, clique aqui e aqui.)

mim

sou

1
(im)preciso
ser
assim

nós
2
solidões
lado
a
lado

acordo
às
3:
sou
ainda
mesmo?

de
4
procuro
respostas
(in)existentes:
[eu?]

os
5
dedos
apalpam
minha
inexistência

corro
para
alcançar-me
antes
de
vo6

escolho
7
livros
(d)escrevendo
quem
sou

alguém
af8
pelo
encontro
comigo
– serei?

vida,
re9-me!
o
espelho
diz:
igualainda

10esperado
tateio
meu
rosto:
quem
és?

sino
de
br11
informa:
durma
desesperada’mente

minha
over12
de
perguntas
silencia
urrando

temo
13
badaladas
inquirindo
de
mim

caminho
por
14
q-u-a-d-r-a-s
fugindo
tr.ôp.ego

na
15a.
desisto:
sempre
soufuiseria
eu

tive
16
u,m
dia
… bruta
saudade

pouco
vivi
os
17
tentando
ser-não-ser

ind…epend…entes
18
em
mim
prisões
infant~adultas

impreciso
aos
19
preciso
saber-me:
quem?

20
dizer:
sim –
sou
eu
assim

olhos nos

1
abrem-se
convictos
da
manhã
que
surge

2
vagueiam
cheios
de
respostas
sem
perguntas

3
olho
e
vejo-te
olhas-me:
não
sei

4
olhos
nus
olhos
nos
olhos
nós

5
na
janela
que
me

vejo-me

6
te
vejo
em
meus
olhos
tristes

5
mergulho
em
teus
olhos:
afogo-me
águazul

6
e
tão
tonto
tento
então
rever-me

7
olhares
que
fogem
maltratados
de
abandono

8
os
OlhOs
Olho-Os
vazi0s
num
s.i.l.ê.n.c.i.o

9
insisto:
olhe-me
como
outro
que(m)
sou(?)

10
(temo
olhar
e
de[ver]
te
amar)

11
“nunca
vi
ninguém
assim!”
ah,
sim…

12
– vi-me:
a
dor
ampla,
nunca
vista

13
antevejo
meus
olhos:
lágrimas
e
ninguém –

14
olha-me
com
outros
olhos:
os
teus

15
meus
olhos
leais
lamentam:
não
mais

16
vejo-te
como
nunca
– e
sempre
foste

17
vemos
o
que
vi(fo)mos:
foi-se
insaudoso

18
vemo-nos
como
de
novo
primeira
vez

19
invisível
ah!
mar
de
amor
– olhares

20
cúmplices
mãos
dadas
vamos
vemos
somos

Aldravipeia e tautograma

A poesia é desassossegada, inquieta, bicho feroz, que olha com desconfiança para limites, prisões. Ama inovação, refazer-se, repensar-se, propor-se formas para, então, desafiá-las, enfrentá-las, empurrá-las para que adotem outra forma.

Sabedora disso, criada por Andreia Donadon Leal e com argumento teórico de J. B. Donadon-Leal, a Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas, da qual eles são os fundadores e este escriba é associado, lançou dia 17 de setembro de 2013 uma nova forma poética: a aldravipeia. Trata-se de um poema temático constituído por 20 aldravias, todas dedicados a um único tema ou a uma única palavra. Pra entender melhor a proposta, clique aqui.

Achei maravilhosa a proposta da aldravipeia! Amplia a aldravia e também desafia o poeta a poetar de seis em seis até produzir uma sinfonia de vinte movimentos aldrávicos coerentes, interligados pelo fio temático, mensageiros sextavados da mensagem única. O próximo post (detesto essa palavra inglesa, mas não achei ainda uma substituta nacional. Acho que vou inventar uma.) trará minha primeira aldravipeia.

E falando de outras formas poéticas, recentemente descobri duas delas. A primeira é o tautograma, forma poética em que todas as palavras do poema têm a mesma inicial. Estou experimentando umas cruzas de aldravia com tautograma. O resultado vem a seguir.

É isso. Experimentar novas formas de dizer o mundo.

Abraço.