nem sempre sou eu que estou aqui
nas palavras que escrevo
às vezes sou eu,
o que gostaria de ser
vivendo num mundo ideal
quase sonho
outras vezes sou eu,
raivoso inquiridor
perscrutador da alma
irriquieto observador
há vezes em que eu tomo a pena,
o saudosista do tempo que não viveu,
das gentilezas às senhoritas,
que sente os aromas das flores que nunca colheu
mas eu também escrevo,
o que se vê nos outros,
que se pensa em alma alheia,
que se faz passar por mulher campo flor soneto suicida além
eu sou todos os eus
e mais outros
ou não outros
o mesmo
o único múltiplo
pluralma
(mc, 1999)