naquele lugar
repouso sonolento;
sussurram nuvens
– não vivo:
tento
284
hoje
paz
ontem
sonho
amanhã
desilusão
277
deixando
dias
serem
anos
sem
amor
268
ri-me
esquecido
dias
idos
sem
sentido
238
assentado
assistia
à
vida
passar
assustada
(scs,513)
223
outrossim
outro
não
mesma
vida
então
Manhã
Ela acordava sempre profunda, solene, vendo
o que havia sob.
Pressentia invisíveis superfícies, arranhadas
de poeira cotidiana, uma falsa paz,
o silêncio corrompido de tédio e omissão.
Não.
O modo outro é que tinha de ser,
a revolução, o confronto de nariz na parede
– o sangue a escorrer impoluto, arrastando
verdades dores libertação espelhos –
resgatando dos escombros a vida
desatinadamente necessária
disposta a mais um dia
(scs, 18215, 33 anos depois)
sem título
considerava o horizonte
quando a saudade sumiu
no vento suave que sussurrava
uma nova vida
e lhe voltou o sorriso
sem o peso daqueles ontens
afastou-se lentamente da sepultura
as flores no chão como despedida
(scs, 4116)
208
vida
de
tantos
efêmeros
amores
eternos
lá fora
a chuva está voltando: lá fora um vento diferente na tarde melancólica
eu tomando chá – não dos mais saborosos – com stévia
assobiando aqui dentro aquela música do kraftwerk
uns tantos dias nunca existidos acontecem agora, à tarde, loucos
nem arrancados, vindo como mero rio, me and you
e quase já era nunca mais, desesperançado
alegria solta, pandorga, folha arrancada pela brisa
alento
(scs, 22414)