rio-me eu, cá nesse fundão, beirinha do rio
Lua, longe lá no alto, se ri também
de eu mais meu tanto de solidão
olho estreito de especular entende nada
de como é eu aqui e tão feliz
não me importo nem lhe explico
que sou um mais meu jeito de viver
duma alegria que nem sei mas há
cá nesse fundão, beirinha da mata
finzinho da vida que tão boa
nem tudo foram dor tormentosa
nem tudo se passaram como nuvem
noites de alegria e outras gentes vieram
e se foram e deixaram o buraco da saudade
e eu cá fiquei remexendo lembrança e
cinza no fogão à lenha e as marca
na pele e um calor no peito que vai se indo
pela estradinha aquela tão cheia de passado
rio-me eu meio triste, cá nessa casinha
cheia de tanto vazio do peito
os passarinho vão se calando –
o pio é desrespeitoso nessa hora –
e fico pensando em como nunca foi
a vida de minha pessoa
só ressinto cá no fundão do peito
um querer de estar travez com nem lembro mais
que se foi de mim e não sei o destino
não sei a graça – só um vazio correndo
como esse riozinho se indo deixando de ser
(scs, 31719)