outra
vez
sem
ser
outro
eu
217
quanto
mais
menos
era
mais
nada
falsidade
andando
na
rua
não
vive
atua
carrega
sempre
outra
cara
mesmo
nua
sorri
com
ódio
uma
máscara
crua
desdenha
do
Sol
louva
a
Lua
bajula
a
todos
vive
tão
só
finge
que
ama
ama-rga
sem
dó
nega
ser
como
é
mesmo
só
no
espelho
sempre
outra
porém
ela
mergulhada
em
orgulho
de
pensar-se
quem-sabe
olhos
fechados
tão
soberbos
cândidos
sentimentos
cada
abraço
um
nojo
– tenho
de
despedidas
desejadas
com
tristeza
planejada
convence
menticulosa
mente
noite
afora
na
sol(mult)idão
mesmo
assim
crê-se
assim
a
real
resvala
finge
corrige
revela
mágoas
tais
outro
dia
outra
ela
mesma
outra
desistia
de
ser
aquela
ela
mesma
confiou-se
aos
segredos
que
lhe
mentia
inventou
uma
vida
viveu-a
como
louca
desconfiou
do
espelho:
quem
sou
você?
146
que
desafio:!
não
ser,
contra
mim
145
inexisto,
mas
ainda
estou
aqui:
serei
sem título
Quisera não ter mais
o sorriso que não é meu,
a lágrima de quem me esqueceu,
a notícia triste dos jornais.
Mesmo assim, e como não,
ter, ainda, um sorriso e não outro,
verter a lágrima por ser aquele,
dizer as boas-novas e deixar-me ir.
(scs, s/d)
além do
é como se,
sem pensar,
sem avisar,
sem causar espanto
e ser espantosamente impensável
aquele no espelho
de lá saísse
e viesse conversar
viver a vida fora do espelho
do lado de cá da imagem
refletida
e reflexo e refletido
co(n)vivem
e se mesclam e se confundem
e riem
ao mesmo tempo
e pensam o mesmo pensamento
a mesma cor
a mesma roupa em corpos distintos
um único olhar para o horizonte
mas será que eram dois?
que reflexo? quem refletido?
qual lado do espelho é este aqui?
(10119)
57
só
não
consigo
parar
de
ser
recôndito
Cometi os
alimentados
pecados ocultos
de cobiçar
ser quem não
e de não procurar
ser
quem deveria.
Só vergonha.
(scs, 29911)