Aos que são
e brota
uma saudade frondosa
de qualquer
minúscula semente
de distância
lançada ao vento do aceno
molhada naquela lágrima engolida
(scs, 61215)
A palavra é tanta que faz a alma ser muitas
Aos que são
e brota
uma saudade frondosa
de qualquer
minúscula semente
de distância
lançada ao vento do aceno
molhada naquela lágrima engolida
(scs, 61215)
ônibus:
fale com o motorista
apenas o indispensável.
carro do google:
motorista,
você é dispensável.
bom mesmo era ir de mãos dadas
com meu pai
para a escola
precisou, por enquanto, se ausentar,
mas não de coração
repousar uns tumultos sem pressa,
até que a saudade passasse silenciosa
e a maré deixasse a areia intacta
– pegadas já inexistindo desde sempre –
aos poucos, com a calma de ampulheta,
a vida e o anseio ressurgem
sorrindo com cicatrizes, ternuras
e um abraço sem dar, infindo,
a quem permaneceu em mim
(scs, 27414)
1.
escondi-me
entre
tantos
pensamentos
sem
cor
2.
sonhei-nos
em
noites
acordadas
de
tédio
3.
as
imagens
fugiam
covardes,
em
silêncio
4.
e
tudo
parecia
só
parecer
irreal
5.
como
nuvem
desfeita
como
suspiro
envergonhado
6.
arrastam-se
lembranças
brancas
congeladas
de
incertezas
7.
muitas
badaladas
e
nenhuma
presença
ainda
8.
meras
imaginações
desejos
de
que
fossem
9.
e
pouco
resta
de
tanto
despertar
10.
alguém?
…
a
resposta
sempre
vazia
11.
mas…
talvez
não
fosse…
só
desejo
12.
um
estar
aqui
como
sempre
estaria
13.
eram
promessas
escritas
na
pele
quente
14.
os
dias
não
passam:
só
noites
15.
nas
gavetas
poeira
e
bugigangas:
você!
16.
parece
haver
nova
brisa,
um
rumor
17.
linda
(final
de)
tarde
sem
chuva
18.
sussurra
retornos –
coração
estremece
de
angústias
19.
passos
silenciosos
apressam-se
com
malas
vazias
20.
o
abraço
tão
eterno
quanto
ontem
____
(Se você quiser entender a forma poética aldravia e a aldavipeia, clique aqui e aqui.)
migalhas no chão
de uma saudade salgada
repleta de amanhãs e dores
antes só minhas – engraçada
em muitas tontas dores
nas paredes de então
toda cidade
tem um
cemitério
da saudade.
nele
enterrada
hoje
tenho
muita
saudade
de
amanhã
Tonto de felicidade
tropeçou no sorriso,
morreu de saudade.
Por que não podia
nunca ser tua
a pérola,
mesmo tardia,
e não ver nua
a distância
no aconchego
da ostra, em braços,
na infância?
Ferida
de
saudade
enrolou-se
no
edredom.