deserto
coração
de
dores
áridas
saudades
275
tenho
saudades
frondosas
por
distâncias
caudalosas
251
desmembra-me
saudade
partes
ficam
partes
partem
quinta 10
mantenho-me silencioso
noite chuvosa
sofrendo apenas
saudade infinda
amorosa
250
choravam
nuvens
dilúvios
de
árida
saudade
247
madrugadas
novas
antigos
ventos
mesmas
saudades
mil dias
por mil dias guardei teu silêncio sobre meus braços
e não sabia mais o que devia desejar
na manhã de nuvens em brancos pedaços
outra despedida de outono, um afago sem olhar
por mil dias contemplei teu sorriso no lago tranqüilo
águas turvas da memória eterna que revive
carregando suspiros de doce voz no sigilo
com que chamaste o nome que eu outrora tive
por mil dias fugi por entre os arbustos mortos
com medo de não acordar, não ser reconhecido
trilha áspera como os pensamentos incertos, tortos
de sons e ternuras e nenhuma paz que tenha vivido
por mil dias fingi reconhecer teu rosto em cada pedra
uma frieza de limo sorrindo sem vida
mergulhada na incerteza de quem não eras
– um desabafo sem força, cheio de medo da despedida
por mil dias voltei a procurar-te no ninho e no alto do monte
angustiada – como será ainda o que não sei se preciso? –
derramando gotas de sangue nos pedregulhos e na fonte
fertilizando sementes, flores sem cor, de aroma indeciso
e, ao final daqueles outonais mil dias,
quedo-me de novo, como no início, só
tomada daquela mui antiga saudade
guia angustiosa dessa minha estranha jornada
contemplo-me na areia que reluz prateada
refletindo à sombra o sonho da realidade
espalho de meus tantos pensamentos sem dó
o fim da visceral busca: a mim já não querias
(scs, 23115,918)
239
de
saudade
cada
segundo
durará
horas
(scs, 12918)
222
a Rafa e Tássia
sempre
presentes
em
forma
de
saudade
mais finito
depois, acenou com amor
uma despedida sem fim
enquanto o ônibus sumia na estrada
permaneceu como se seu olhar
pudesse trazê-lo de volta estar com ele
e já era só uma estrada vazia
e a vida agora era vazia
de uma saudade dolorida dos abraços tantos
e do abrigo entre eles
de promessas impossíveis
– mas o que importava eram só eles dois
então: veio a despedida
e ela ali acenando a quem já não havia
um coração desfalecido
a vida desocupada de razão
– tudo parecia mais finito que a estrada
infinita que os distanciava
– Mãe, vamo pra casa! Tô cansado…
não era possível viver de outro modo
(sc, sd)