mais finito

depois, acenou com amor
uma despedida sem fim
enquanto o ônibus sumia na estrada

permaneceu como se seu olhar
pudesse trazê-lo de volta estar com ele
e já era só uma estrada vazia

e a vida agora era vazia
de uma saudade dolorida dos abraços tantos
e do abrigo entre eles
de promessas impossíveis
– mas o que importava eram só eles dois

então: veio a despedida
e ela ali acenando a quem já não havia
um coração desfalecido
a vida desocupada de razão
– tudo parecia mais finito que a estrada
infinita que os distanciava

– Mãe, vamo pra casa! Tô cansado…

não era possível viver de outro modo

(sc, sd)

Brasa

Teu sorriso nasceu
antes do Sol,
mas eu não vi.
Tua mão lançou
sementes à estrada,
mas eu não sorri.
Tua risada alegrou
a tarde oculta na névoa,
mas eu não quis desfrutar.
Teus cabelos agarraram
perfumes e flores do bosque,
mas preferi esquecer.
Teus sonhos cantaram
sobre um lago e seu luar,
mas eu ignorei.
Teus olhos brilharam
com as nuvens e os ventos,
mas eu me magoei.
Teus suspiros celebraram
a brasa e o calor à noite,
mas eu fugi.
Teus passos te levaram
para sempre para longe,
então, eu me arrependi.

(sp, 19611)