mantenho-me silencioso
noite chuvosa
sofrendo apenas
saudade infinda
amorosa
silêncio
desenhei um silêncio tão grande
que mal coube na palma do papel
escorreu entre os dedos
e pingou no ar
manchando a nuvem que passava
grávida de chuvas
agora, ela chora rostos sem sorrisos
(scs, 19516)
chuva e saudade
tua
presença
chove
em
minha
saudade
chovem-me
as
saudades
desta
contínua
ausência
ausento-me
em
chuvas
de
saudade
chorosa
saudade
e
chuva
em
meus
olhos
saudosa
chuva
ecoa
abraços
ausentes
constantes
faz-me
chuva
saudosa
lembrança
de
amanhã
fluem
saudades
chovidas
sobre
olhos
secos
chuvas
antigas
inundadas
de
novas
saudades
saudades
antigas
uma
chuva
sem
fim
na
presente
chuva
há
toda
saudade
saudade
egoísta
tranca-se
na
nuvem
chuvosa
choram
saudosas
nuvens
em
doce
remorso
só
nuvens
sentem
saudade
da
chuva
notas
de
saudade
na
chuva
morna
noites
tontas
de
saudade
chovem
memórias
viam-se
saudosos
chuvas
intensas
nada
mais
tanta
saudade
chovida
em
cada
lágrima
ouvida
saudade
nas
gotas
tristes
chuvosas
vi-te
ainda
na
chuva
sem
fim
finda
chuva
foram-se
nuvens
perene
saudade
tardia
pois ela tinha esquecido a sombrinha
e aquele sorriso tão meigo escondia uma fúria
mas não teve medo: a chuva fria
eram aqueles olhos mentirosos musgos inauditos, gotas
não houve um convite, nem por isso se importou com a calçada molhada
enfrentava um receio sem perceber fluindo pelos nervos
olhava de alto a baixo decidida – os pássaros já haviam emudecido
a cena era melancólica, de tons misteriosos acovardados
remexeu na bolsa e a foto estava lá e não
se reconhecia
a chuva havia passado
não o sorriso
(scs, 17214)
lá fora
a chuva está voltando: lá fora um vento diferente na tarde melancólica
eu tomando chá – não dos mais saborosos – com stévia
assobiando aqui dentro aquela música do kraftwerk
uns tantos dias nunca existidos acontecem agora, à tarde, loucos
nem arrancados, vindo como mero rio, me and you
e quase já era nunca mais, desesperançado
alegria solta, pandorga, folha arrancada pela brisa
alento
(scs, 22414)
como
à árvore que não sorria
como se nunca houvesse primavera
se nada além do fim de tarde
ocaso cinza
de nuvens indiferentes
sem vento nem pássaros
e nas folhas
as lágrimas da chuva
a tristeza que não era dela,
mas ela a carregava
e sentia
por isso, não sorria
e só
– o tempo passa sem pena
sem título
chove lá fora
e aqui
chovo por dentro
121
havia
na
porta
uma
torta.
chovia
114
a
chuva
chora
lágrimas
de
crocodilo