a ti

a Rafa e Tássia
de perto
amor
de longe
saudade
no todo
amor
quando partes
saudade
tua voz
amor
teu silêncio
saudade
sempre presente
saudade
sempre presente
amor
quando ausente
– amor
tua presença
saudosa
saudade
é uma sombra do amor:
está onde ele está,
mas quando não está;
é ele, mas não é,
mas é
se alimenta
de distâncias
de não-estar
dos acenos
que queríamos
proibidos
nos acenos
serenos tristes
com os quais
te vais
vem, assim, a ausência que
nenhum tempo mede
nem cura
amor
meio arte
saudade
meio morte
quando ficas
partes
em tudo
ficas
todo
todas as distâncias
que são sempres
escoam lentas caudalosas
no tempo que se acumulou estático
no virar
de outro dia
e rememorar o aqui naquela ocasião
faz presente os ausentes
em lembrança e sorriso
– como o tempo voa
quando a gente começa
a relembrar
e talvez haja ocultos
fatos ainda não-inventados
desses que vivemos ou amanhã
muitos tantos que só podem ser
o restante da vida e outro tanto
e, ainda assim, o tempo leva muito tempo
pra passar
a estrada que se esconde sob a sombra
permanece muda como os risos de ontem
e avança na noite distanciando presenças
mergulhadas no silêncio que emoldura nós dois
vamos repetir a aventura ainda não vivida
de milhões de fotografias risos passos e aromas
repetiremos as convicções aninhadas em histórias
que são, que sempre serão estranhas e belas
e a saudade será sempre
nunca mais
(scs, 1115)
não era mais
o mesmo homem:
agora tinha amigo
A R & T, que entendem
A manhã plena de Sol
acordou nebulosa:
eles não estavam lá
e voltei.
A densa neblina da manhã
era cheia de Sol:
eles estavam sempre lá
e nunca parti.
(scs, 11612)
as quatro amigas
nem mesmo sabiam
como sentir saudades
em seu círculo
de antigas amizades
havia um amigo.
Mesmo
à
distância
a
amizade
floresce.
Há um estranho mistério
na amizade:
é como um não-era
que agora sempre foi.
amigo:
corpo
distante,
alma
presente –
alento
para Márcio e Val
há dez anos
– na verdade, há dez minutos –
a longa espera se conclui
no fui-ali que espera no portão
o estranho que chega é
o que sempre esteve aqui sendo
e os gestos primeiros estreiam
os mesmos de ontem, presentes
o diálogo começa na pausa
em que ficou suspenso
sem nunca ter havido.
segue-se o fluir de continuarmos
e a mesma música inédita
que nos tem marcado a vida,
e o que lhes quisera contar ontem
sem nem antes os conhecer
e o motivo de riso
da alegria nas lágrimas comuns
a música com gosto de jabuticaba
a chuva-crepe no lago
o que aqui há que
não havia antes: o quadro?
sem pressa, é a volta
não, é o início
(24110)