para Márcio e Val
há dez anos
– na verdade, há dez minutos –
a longa espera se conclui
no fui-ali que espera no portão
o estranho que chega é
o que sempre esteve aqui sendo
e os gestos primeiros estreiam
os mesmos de ontem, presentes
o diálogo começa na pausa
em que ficou suspenso
sem nunca ter havido.
segue-se o fluir de continuarmos
e a mesma música inédita
que nos tem marcado a vida,
e o que lhes quisera contar ontem
sem nem antes os conhecer
e o motivo de riso
da alegria nas lágrimas comuns
a música com gosto de jabuticaba
a chuva-crepe no lago
o que aqui há que
não havia antes: o quadro?
sem pressa, é a volta
não, é o início
(24110)