fim

não
nenhuma novidade
no sopro inquieto do vento
que nos faz companhia neste dia tão comum

sem
qualquer surpresa
os olhos se encontram
e já não falam aquelas mentiras tão carinhosas


nem sabemos
o nome daquela saudade
abandonada no refúgio das coisas evitadas

quão
belas nuvens
ocultam a luz difusa
e as mornas mãos acenam uma desesperança

ver
mais perto
os olhos de um passado
entalhado na pele e nos suspiros ainda eriçados

sim
sabemos que
nada outro nos alegrou
em todo o tempo de sermos dois caminhos

nos
olhos borrados
mesclam-se lágrimas e pó
um desenho de abraços que estavam aqui

vai
como ventania
o dia de ontem esquecido
traz aquele brilho dos lençóis novos

sons
tão sonhados
das canções envergonhadas mudas
feita um pedido nervoso de olhar tímido

fim
de tudo
num suspiro vazio de adeus
mãos tímidas aquecidas na pele alheia

(scs, 26911)

2 comentários sobre “fim

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *