despedida

nenhuma outra angústia
em teu olhar
jamais foi tão terna e suave
como a do dia de cabelos ao vento,
imersos em solidão
pensávamos em outro tempo:

uma nova brisa quando no começo
a saudade inexistiu
e os desenhos no ar eram tão pequenos.
eu e tu,
imersos no desconsolo,
fervorosamente inertes, e o chá
esfriava;

mesmo assim sentíamos a mesma dor
estranha, na pele, na íris –
e já era lembrança
na neve, nas folhas secas,
em tuas pegadas sobre as pedras.
a luz se refletia nos meus olhos cerrados,
espalhando um aroma que
outro dia esteve em nossa pele
e naquela flor à luz de velas.

agora só há essa indefinida presença
de um nada afável,
e, então, de novo,
a despedida.

(scs, 9512)

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