passagem fortuita pela rua
encontro
um assombro
imprecisa presença
na mesma calçada
mas em outra vida
nem mesmo os olhos vêem
não há
apenas um acidente
um momento de estarmos ali
no mesmo ar
sem existência
já nem lembrança
a calçada não guarda pegadas
o vento sopra
apenas pó e cheiros
da vida e risos dos outros
caminhos que andam
seguem, dispersos
desencontros
e continuamos não sendo
(scs, 20110)