desfiz-me
em
tantos
poemas
sem
rima
192
mesclei,me
contï^go
uni-dos
amor~amor
delííc;ia
DE:liran:TE
sem título
à Shan
não, eu voltei
de tanto ver-te
fascinado
e agora continuar
envolvido em deliciar-me
apaixonado
não, eu fugirei
pra ti mesma toda
aprisionado
(scs, 25813)
191
toda
moeda
tem
três
lados
(louca)
sem título
mentirosas memórias
me visitam
alarmadas
folhas enganadas
pelo vento
uma pintura borrada
com tintas inconstantes
do passado que nunca esteve lá
e a melodia muda de ecos
entoa a canção que nunca cantei
do amor que nunca deixei
do rumo que sempre temi
mas são apenas névoa densa
das memórias inventadas
pelas memórias que não tenho
(scs, 8813)
retrato
uma antiga foto amarelada
datada de 1829:
uma família: pai, mãe,
três filhos: uma menina, dois meninos:
tristes, sem sorrisos, alma amarelada;
menina ao lado da mãe,
tranças compridas sobre o vestido branco,
mãos sobrepostas, sapato branco, meia branca,
uma flor branca no cabelo,
conformada com não ser ninguém
sem existir de verdade
nenhuma alegria;
meninos ao lado do pai,
vestidos com roupas iguais,
com igual ódio nos olhos,
calça escura, camisa clara, casaco daquele veludo antigo de velório, escuro aberto,
gravata fininha, mãos para trás,
vida para trás, incompleta
bico do sapato gasto, cabelo curto ridículo,
ombros caídos (com o precoce peso da vida)
a mãe
uma mulher que um dia foi bela e acreditou que sempre seria
e no amor que sempre seria e em suas obrigações
na vida que dedicou – cabelos brancos, rugas, mãos angustiadas, boca sem…
num vestido comprido, de muitos babados
simetricamente arrumado
que não parecia dela (ou ela)
seu olhar olhava para o nada, vazio
nem triste nem satisfeito, apenas nada
(mas uma senhora plenamente cônscia de suas responsabilidades
e deveres e do nome do marido)
e o pai
orgulhoso
gritos
rabisco minha vida
em linhas sem fim
sem nexo
meus sonhos e caminhos
em versos soltos
covardes
as palavras são como
selvagens gritos
perdidos
ricocheteando na
paisagem rude
que foge
quisera controlar suas
quimeras loucas
– não posso
são maiores que eu mesmo
e vazam todas
dos medos
e se contorcem febris
instáveis e belos
poemas
mas nascem já confusos
instigantes véus
planando
partem destemidos e
se esquecem que
são eles eu
(scs, 21410)
de saudades
1.
escondi-me
entre
tantos
pensamentos
sem
cor
2.
sonhei-nos
em
noites
acordadas
de
tédio
3.
as
imagens
fugiam
covardes,
em
silêncio
4.
e
tudo
parecia
só
parecer
irreal
5.
como
nuvem
desfeita
como
suspiro
envergonhado
6.
arrastam-se
lembranças
brancas
congeladas
de
incertezas
7.
muitas
badaladas
e
nenhuma
presença
ainda
8.
meras
imaginações
desejos
de
que
fossem
9.
e
pouco
resta
de
tanto
despertar
10.
alguém?
…
a
resposta
sempre
vazia
11.
mas…
talvez
não
fosse…
só
desejo
12.
um
estar
aqui
como
sempre
estaria
13.
eram
promessas
escritas
na
pele
quente
14.
os
dias
não
passam:
só
noites
15.
nas
gavetas
poeira
e
bugigangas:
você!
16.
parece
haver
nova
brisa,
um
rumor
17.
linda
(final
de)
tarde
sem
chuva
18.
sussurra
retornos –
coração
estremece
de
angústias
19.
passos
silenciosos
apressam-se
com
malas
vazias
20.
o
abraço
tão
eterno
quanto
ontem
____
(Se você quiser entender a forma poética aldravia e a aldavipeia, clique aqui e aqui.)
entre os 100 melhores (atualizada)
Um poema meu está entre os cem melhores do TOC140, concurso de poesias de, no máximo, 140 caracteres publicadas no Twitter. A promoção é da Fliporto: Feira Literária Internacional de Pernambuco. A lista completa tá aqui. Se você quiser escolher o melhor entre os dez finalistas, clique aqui.
E o poema? Tá aqui.
Notícias sobre o lançamento do livro
No Domingo, 17 de novembro, à noite, no mini-auditório da 4ª. Feira do Livro de Pernambuco, acontecerá a cessão de autógrafos coletivos da antologia Os cem melhores poemas do TOC140 Ano IV, e bate-papo com todos os autores, com a presença da coordenadora Cláudia Cordeiro, os membros da Comissão Julgadora, Haidée Fonseca e Marcus Prado, equipe técnica do Premio e Lívio Meireles, Coordenador da Feira do Livro.
Atenciosamente,
Cláudia Cordeiro da Cunha Melo
por aí
Outro poema
escapou do papel
e se fez
uma pergunta por aí
(Poema entre os cem melhores do TOC140 de 2013. Leia a notícia aqui.)