a pergunta que
não quer calar:
por que
não te calas?
contículo 34
Luli, lê-lo lá!
sem título
a vida corria
tranqüila
e a menina corria
atrás dela
aflita
(scs, 13912)
manhã sem outono
mantenha os olhos abertos
nas trevas desta manhã
e silencia o grito impensado,
aquieta a cabeça e ouça:
os rumores lá fora dizem que
não há mais esperança ou nuvens,
mentiras renovadas no bairro,
meninas correndo de medo
de um tal homem perverso,
de um bebê abandonado,
de outro dia que ameaça chegar,
o distante badalar da capelinha.
as trevas ainda permanecem
sobre as rugas de teu rosto
tão jovem cansada, tanto tempo,
querem os olhos ver mais (?)
o indefinido suspiro no sótão,
a silhueta no umbral da porta:
os vizinhos? estranhos? viajante?
ou o homem perverso, o tal?
balança a velha cadeira que range
como os pensamentos envilecidos,
como a mandíbula roendo unhas:
tudo inútil, vão, diz o pregador.
conforme-se, então, com o dia sem luz,
de porta entreaberta, sopro de vento
na cortina que esconde aranhas,
na poeira que conta abandono,
sorrindo a alegria só de memória,
tão encardida quanto a saia.
os pés frios, as mãos trêmulas:
não haverá outro dia assim.
(scs, 4912)
contículo 33
“Nunca desista de seus sonhos” era o lema do dorminhoco.
contículo 32
Perdeu as chaves. Procurou no Google. Dormiu na rua. Morreu de frio.
contículo 34
Outro pesadelo com o mesmo bicho-papão. Pena tocar o despertador.
contículo 31
O passarinho cantava logo cedo sua tristeza engaiolada. O gato não ficava comovido.
contículo 30
Sentei-me ao lado do velho desconhecido na praça: “Me conta numa frase tudo o que você sabe da vida”.
106
das
pessoas
que
conheci
nenhuma
conheci