não
só,
mas
abandonado
em
mim
92
nada
como,
logo
cedo,
já
sonhar.
aceno
nunca tentou compreender
a despedida,
nunca perguntou, inquieta,
a razão,
nunca confessou raivosa
a surpresa.
apenas permaneceu com o aceno vazio
no ar,
um aceno eterno,
um adeus perene
sem razão.
(scs, 10512)
cena 2
na cena do crime,
um cadáver feliz
suspira e diz:
“não faço mais regime!”
(scs, 10512)
sem título
assim se fez aquele sorriso:
ela olhou para ele,
ele olhou para ela,
os olhos dele disseram que a amava,
o sorriso dela disse: “Eu também!”
(scs, 10512)
ouvindo Sting
Ouvindo Sting
a paciência se esgotou:
disparei o estilingue,
a vidraça se quebrou.
O senhor Xing-Ling
muito me xingou!
A calma o furor extingue,
e ele nem me espancou;
saí envergonhado daquele ringue
e meu mundo desabou.
Que dia triste!
E nem gosto muito de Sting…
cena
vinte anós após o outono
o relógio bateu de novo
na sala, sob o lençol branco,
agitando as folhas no quintal,
acordando a velha sem braços
na cadeira de balanço.
o crochê repousava em seu colo,
a teia de aranha pendia da agulha:
ela sorriu sem dentadura
de saudade da morte.
(scs, 11512)
tímida
não olha agora,
mas estou olhando
pra você.
não ouça agora,
que digo sem voz
que te amo.
não se vire agora,
que, aqui longe,
afago teu cabelo.
não sorria agora,
que meus lábios
beijam os teus (queria tanto).
não deixe de ser assim,
um amor distante,
nunca-será-meu.
só me deixe,
agora e todo dia,
te amar assim,
tímida.
(scs, 10512)
sem título
e ainda há
o que não
veio a ser.
(scs, 6512)
há muito tempo
uma vez,
uma estrela sorriu,
a menina chorou,
uma onda rugiu
e o menino consolou
a menina e a levou
de volta pra casa.
e a estrela, de novo,
sorriu.
(scs, 30412)