as moedas e o luar

um menino só
que nunca viu o luar
é esquecido na praça
e nunca mais o procuram

o menino encontrou
na praça duas moedas
e sonhou ser um rei
com um tesouro que lhe comprava

o luar. naquela noite
a lua surgiu, e as moedas
no bolso abrigadas na mão:
o rei não podia comprar a prata do céu.

o menino só, que agora viu
na praça o luar e as moedas,
sentiu-se amado e sorriu desconfiado
de que teria de acordar.

(livremente inspirado na criança que não é criança e que não está viajando só neste ônibus; sp, 16112)

estrada e raízes

então, ele desistiu de caminhar.
e parou ali, à beira da estrada,
até criar raízes.
seus galhos cresceram,
as folhas enverdeceram à tarde,
pássaros e ninhos;
a chuva lhe refrescava a alma,
o vento trazia aromas e melodias
e as raízes cresciam e cresciam.

então, ele desistiu de ser árvore
e voltou a caminhar.
deixou a beira da estrada
e se fez de novo errante.

(sp, 16112)