Nunca mais

eu reencontrei um sorriso
no meu rosto
desnutrido, esquecido
quase irreconhecível

tomei-o com cuidado,
temeroso de quebrá-lo
fiz-lhe respiração boca a boca
molhei seus lábios com chuva

ele se contorceu um pouco
– parecia sentir dor –
tentou balbuciar qualquer coisa
– seria uma despedida

ou uma canção de amor? –
mas não pôde, não quis
ocultou-se de novo
e nunca mais o vi.

(scs, 29511)