esquivo-me
de
sonhos
carne
e
osso
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tão tão
intenso tenso
sonho amor
tenso terno
sempre penso
tenho eterno
fim
não
nenhuma novidade
no sopro inquieto do vento
que nos faz companhia neste dia tão comum
sem
qualquer surpresa
os olhos se encontram
e já não falam aquelas mentiras tão carinhosas
já
nem sabemos
o nome daquela saudade
abandonada no refúgio das coisas evitadas
quão
belas nuvens
ocultam a luz difusa
e as mornas mãos acenam uma desesperança
ver
mais perto
os olhos de um passado
entalhado na pele e nos suspiros ainda eriçados
sim
sabemos que
nada outro nos alegrou
em todo o tempo de sermos dois caminhos
nos
olhos borrados
mesclam-se lágrimas e pó
um desenho de abraços que estavam aqui
vai
como ventania
o dia de ontem esquecido
traz aquele brilho dos lençóis novos
sons
tão sonhados
das canções envergonhadas mudas
feita um pedido nervoso de olhar tímido
fim
de tudo
num suspiro vazio de adeus
mãos tímidas aquecidas na pele alheia
(scs, 26911)
220
aprisionei-me
em
teus
sonhos
de
liberdade
sem título
ouvindo a sussurrada canção
no meio da manhã
escapou-me um sonho das mãos
e, sem receio,
um adeus
(sd)
214
os
sonhos
hão
de
despertar
enfim
sem título
o que era de fato
nem mesmo pensamos
no entanto sim estava
e por isso tão solene
como a noite e uma
gota de sangue ou lágrima
de toque macio e não
tão simples sendo assim
que surpresa já sempre
um anelo não uma ausência
de poucas cores mas doçuras
nem haveria em nenhum canto
o aroma de que fizemos
o outro sonho da alegria difusa
bem de manhã sem lençóis
piso frio caminha tonto
e florejam liláses a nuvem
miúda nos diz o Nome e
lembramos nada somos
só desejos e saudade
(sp, 25813)
quantos
quantas coisas a noite esconde
em meus braços frios
nos pensamentos sem fim
confinado na estrondosa solidão desse quarto
quantos segredos espalhados pelas paredes
vislumbrando aquele passado já não mais inventado
de desenhos na areia do mar
um repentino aceno e o fim
quantos momentos aprisionados no relógio parado na cabeceira
gritando sua inexistente presença e dor
em cada conflito refeito e os medos
ainda mais meninos e não os há
– só as pegadas indistintas no pó
quantos carinhos amordaçados nos cabides
entregues ao desprezo e ao vazio
tantas manhãs de outrora: eram luzes
nem deles memória nem saudade
quantas madrugadas de anseios recatados
debruçadas na janela fechada
as nuvens distantes flertando com o desespero
refrescam seus cabelos de cinzas e remorsos
quantos outros navegam a mesma alma
ao revirar das lembranças desgovernadas
– a goteira é o único som consolador
na estrondosa solidão desse sonho inquieto
(scs, 8815)
sem título
não deixa
de ouvir
a poesia
em meu silêncio
este que sussurro
tão tolamente
em teus sonhos
(scs.sd)
perda
outros tantos são
os sabores dessa ausência
os mesmos sonhos nos
visitam desde a infância
nem sempre lembramos do
que fomos, à distância
sabemos, tão tolos,
dos risos da demência
querendo de volta, logo,
cada parte de nossa substância
para sempre perdida
na alegre inexistência
(scs, 61216)