de tão longe

de tão longe
fiz-me saudade
no aceno que já se foi
do abraço vazio de calor

de tão longe
sou nem lembrança
que o vento inventa nos galhos
secos sem perfume nem cor

de tão longe
já nem mesmo sou
talvez um outro sonho à deriva
outra vez um casulo sem mim

de tão longe
parti-me sem deixar marcas
segui pela estrada infinda
e não sou, jamais sou

(scs, 121113)

estrada e raízes

então, ele desistiu de caminhar.
e parou ali, à beira da estrada,
até criar raízes.
seus galhos cresceram,
as folhas enverdeceram à tarde,
pássaros e ninhos;
a chuva lhe refrescava a alma,
o vento trazia aromas e melodias
e as raízes cresciam e cresciam.

então, ele desistiu de ser árvore
e voltou a caminhar.
deixou a beira da estrada
e se fez de novo errante.

(sp, 16112)