ah!mores
de
tantos
com-licenças
e
por-favores
224
amor
embrulha
o
estômago
pra
presente
sem título
amor
indolor
não existe
mas quem resiste
a desejar
e esperar
um amor assim:
só pra mim?
(scs, 28414)
Versinho
Fiz um versinho
pra meu amor;
um verso bobinho,
como bobinho é todo amor.
No meio do verso
fiquei sem palavras,
como sem palavras deixa
todo verdadeiro amor.
Queria dizer muito mais,
pois sempre há muito mais a dizer
num bobinho grande amor.
Mas preferi o silêncio,
pois de silêncios também ama
quem ama com grande amor.
(scs, 16416)
208
vida
de
tantos
efêmeros
amores
eternos
206
ele e ela
o
casal
conversava
com
silêncios
eternos
o
casal
silenciava
as
conversas
(con)(a)vulsas
o
casal
sofria
em
silêncio
altivo
o
casal
conversava
com
esquivos
silêncios
o
casal
sentia
silenciar
suas
conversas
o
casal
contemplava
o
silêncio
fortuito
o
casal
soluçava
seu
silêncio
solitário
o
casal
inexistia
lado
a
lado
ele
era
ele
ela
era
nunca
ele
(s)em
remorsos
ela
(s)em
lágrimas
ele
sempre
ausente
ela
sempre
amanhã
ele
mesmo
ali
era
um
vazio
ela
mesmo
não
sabia
ser
mais
um
casal
se
desconhecia
ao
amanhecer
o
casal
remoía
os
lúgubres
silêncios
ele
só
momentos
ela
sempre
esperança
ela
silenciava
ele
silenciava
solidão
gritava
ele
ela
o
casal
nenhum
deles
ele
um
dia
sorriu
ela
corou
os
dois
conversavam
com(o)
cúmplices
silêncios
sem título
eu li tuas letras
arranhadas na areia
úmida das lágrimas do mar
de teus olhos:
tantas de um só amor
tantas de só amar
sem título
sei que,
às vezes,
parece que não
te amo,
mas eu
te amo
todas as vezes.
(scs, 8514)
lá fora
a chuva está voltando: lá fora um vento diferente na tarde melancólica
eu tomando chá – não dos mais saborosos – com stévia
assobiando aqui dentro aquela música do kraftwerk
uns tantos dias nunca existidos acontecem agora, à tarde, loucos
nem arrancados, vindo como mero rio, me and you
e quase já era nunca mais, desesperançado
alegria solta, pandorga, folha arrancada pela brisa
alento
(scs, 22414)