Sabe aquele dia em que você acorda com vontade de dormir?
Em que o Sol parece tão quente e desanimador?
Dia em que um banho frio é tão gostoso como chá de boldo sem açúcar?
Em que os passarinhos cantam tão bonito e desafinados e atrasados?
Em que seu mau hálito ofende até o cara do espelho?
Dia em que os chinelos desaparecem?
Dia em que o despertador parece um serial killer?
Em que a remela SuperBonder acorda mais cedo que você?
Em que a vizinha de cima dormiu de salto-agulha e roncou?
Em que o travesseiro lembra colo de mamãe?
Em que um iceberg passou a noite em seu quarto?
Dia em que um suicídio seria terapêutico?
Em que tudo é sem sentido leste-oeste?
Em que o outro lado da cama é tão imenso quanto o Saara?
Dia em que os lençóis donzela-de-ferro são boa companhia?
Em que sua música preferida provoca náuseas e cólica?
Dia em que se pensa se não teria sido melhor… ou…?
Em que um sorriso é um convite pra uma luta de rolar no chão?
Em que os monstros embaixo da cama são de pelúcia?
Pois é.
Meu dia não acordou assim.
Há dias.
(scs, 10913)