Prestuplenie i Nakazanie
como se não bastasse
de novo como ontem
o sonho se fez pranto
e a vida, como torto espanto,
transcorre, corrente de sangue, loucura
tímida, entre raios da lua
diminuta intensidade de amor
suave incerteza de tamanha dor
e de novo a mesma-sempre
a diversa, a nunca-outra
aquela que permanece ainda-ser
e percorre-me silente, sem temer
com gana, violenta candura
e arranha os poros e soletra, nua,
todas as mesmas insanas presenças
aninhadas no corpo quais febris doenças
e como se não morressem
o infindo retorno e a colisão
esmera-se em lapidar a rude jóia
e a carregar na superfície tênue inglória
folhas e olhos e doçura
e a firme dúvida que corrói, crua,
e cria monstros e os conforta
depois foge assustada e deixa aberta a porta
mui assustada com plasma e vísceras
corre louca solidão adentro
arrastando seu vestido branco
rasgado, com manchas de limo no flanco
com vestígios da tensa manhã escura
ainda sorrindo indefesa e vil (sua)
grita com voz surda e triste
na ponte orvalhada que não mais existe
e como se não soubesse
há ainda outro desatino
imperfeito como o ouro puro
e o talho nas costas, feio e escuro,
verte sofismas e uma nuvem impura
minúsculos tesouros cortados – que os possua! –
imersos em lava e alga
fugindo no cavalo cego que cavalga
ah! por que não recomeçam
e se materializam em
diademas de mãos espalmadas em flor
em vastos campos de folhas cinza e calor
de outonais repouso e ternura
da imorredoura saga final. e lhe retribua
o sono inócuo sem fim
e a lamúria que se finda tonta em mim
(scs, 10210)
fim
não
nenhuma novidade
no sopro inquieto do vento
que nos faz companhia neste dia tão comum
sem
qualquer surpresa
os olhos se encontram
e já não falam aquelas mentiras tão carinhosas
já
nem sabemos
o nome daquela saudade
abandonada no refúgio das coisas evitadas
quão
belas nuvens
ocultam a luz difusa
e as mornas mãos acenam uma desesperança
ver
mais perto
os olhos de um passado
entalhado na pele e nos suspiros ainda eriçados
sim
sabemos que
nada outro nos alegrou
em todo o tempo de sermos dois caminhos
nos
olhos borrados
mesclam-se lágrimas e pó
um desenho de abraços que estavam aqui
vai
como ventania
o dia de ontem esquecido
traz aquele brilho dos lençóis novos
sons
tão sonhados
das canções envergonhadas mudas
feita um pedido nervoso de olhar tímido
fim
de tudo
num suspiro vazio de adeus
mãos tímidas aquecidas na pele alheia
(scs, 26911)
personauta
encontro
encontrei na rua deserta
um cão perdido
triste
olhei-o olhou-me
triste
deixou-me
perdido segui(u)
(scs, 19317)
paixão de inverno
eu me deixei
nevar
por teu sorriso
e nunca mais
me senti tão
sol
(scs, 191216)
sem título
a morte me deve explicações
mas é covarde
foge sempre
225
ah!mores
de
tantos
com-licenças
e
por-favores
224
amor
embrulha
o
estômago
pra
presente
sem título
amor
indolor
não existe
mas quem resiste
a desejar
e esperar
um amor assim:
só pra mim?
(scs, 28414)